O edifício que a cidade conhece há mais de um século como “Palácio Barahona”
é um imóvel de alto valor patrimonial e artístico, cuja construção remonta à
década de 60 do século XIX
Imaginado e projectado pelo arquitecto-cenógrafo italiano Giuseppe Luigi Cinatti, para servir então de residência nobre e citadina ao abastado lavrador José Maria Ramalho Dinis Perdigão (1830-1884). Era nos Finais do século XIX, «a mais elegante casa moderna da cidade».
Imaginado e projectado pelo arquitecto-cenógrafo italiano Giuseppe Luigi Cinatti, para servir então de residência nobre e citadina ao abastado lavrador José Maria Ramalho Dinis Perdigão (1830-1884). Era nos Finais do século XIX, «a mais elegante casa moderna da cidade».
O palácio apareceu em Évora como
uma espécie de “imagem” da “modernidade
Giuseppe L. Cinatti brindou a sua criação com belos desenhos
especiosos e romântica “arquitectura de interiores”, evidenciados sobretudo nos
belos estuques, de todo inéditos na cidade.
Frente ao Palácio Giuseppe L.
Cinatti “criou” um jardim (Jardim
Público) que, disseram os contemporâneos, “chegou a ultrapassar o «passeio» da
Estrela (Lisboa), em imaginosas e românticas evocações...”
Palácio e jardim público estão de
“mãos dadas”
A edificação do palácio, ao tempo
de José Maria Ramalho Dinis Perdigão, esteve sujeita às circunstâncias do
terreno, tendo inclusivé “encaixado” a própria muralha da cidade, em local onde
se erguia a continuação do baluarte do Príncipe (construção da 2ª metade do
século XVII).
Tal fez com que o projecto se
estendesse a partir de um pátio interior, naturalmente com jardim de desenho
tradicional que, nos anos 60 do século XIX, tinha ao centro um “moderno”
kiosque.
O acesso ao 1º andar, onde se
estendiam as salas e salões nobres (de recepção, de baile, aposentos privados,
etc.), fazia-se e ainda faz por enorme escadaria (que ainda se conserva!), iluminada
por três grandes janelas.
A ala norte do edifício parece
que estava reservada para habitação e privacidade do casal.
A distribuição das diversas
dependências do palácio, devido à maneira como foram
concebidas, permitiam uma
hierarquia entre os espaços de intimidade familiar, corredores
e ligações alternativas entre
divisões, e espaços próprios para os alojamentos das visitas
também beneficiados com a
privacidade.
Os espaços de convívio social , como sejam o salão
de baile, o salão de jogo, a sala de
fumo e de convívio, distinguiam-se pela decoração que, segundo os cronistas, o interior
do edifício, tanto no mobiliário como na decoração e riqueza de materiais
utilizados, o palácio ultrapassava tudo o que até então se havia visto em Évora
como habitação.
O acesso ao jardim do palácio,
feito por amplo corredor, apresenta um
magnífico portal, de exuberante desenho em mármore branco de Estremoz, estilo
rocócó, provavelmente datado dos finais do reinado de D. José I.
Portal este adquirido do Convento
de Santa Maria do Espinheiro, bem como uma enorme gárgula de origem calcária,
figurando dois leões que parecem brincar, sendo o leão inferior híbrido, com cauda de peixe.
Esta gárgula (séculos. XVI/XVII ) está
desde há muitas décadas no lago do pátio anexo à porta frontal..
Além de uma área descoberta de 5.000 m2.
(jardim, horta e pomares), um edifício com 1.054 m2. de área de implantação,
com um piso térreo que, inicialmente, incluía 9 divisões, além de cocheiras,
cavalariças, picadeiro e outras divisões, um 1º andar com 19 divisões
(incluindo grande cozinha ou cozinhas?), salões, despensas e outras
dependências para serviços vários, um 2º andar com 15 divisões e um 3º andar
com 5 divisões.
Segundo o projecto de Cinatti, o imóvel
poderá dar-se quase por concluído em finais da década de 70 do século XIX.
Nessa altura o “Palácio Barahona”
era o mais imponente e o mais sugestivamente romântico palácio da cidade.
Na sua organização e manutenção,
mordomos a preceito, “quartéis” de empregados domésticos e de estábulos
associados a um estrutura de proporções e
comodidade dignas dea “quem” se poderia incumbir o encargo de albergar as
visitas reais a Évora.
Estiveram hospedados neste
palácio, o rei D. Luís, a rainha Maria Pia de Saboya e o filho, o infante D.
Afonso, duque do Porto. Em Maio de 1889, foram suas visitas o rei D. Carlos e a
rainha D. Maria Amélia de Orleans. Foram também “hóspedes” escritores, artistas
plásticos, políticos em hora de sucesso, etc.).
Crónicas da época escreveram
sobre o Palácio: «Já lhe adornam as
salas quadros dos melhores pintores modernos; já uma formosíssima estátua da
Puberdade, do cinzel de Simões Almeida, e em breve de Alberto Nunes, a do poeta
Bernardim Ribeiro, talvez seu antepassado pela casa do Torrão, lhe hão-de embelezar
o palácio …, bem como uma colecção de bustos em mármore, dos nossos poetas e
prosadores contemporâneos.
Moveis novos de preciosas
madeiras; restaurações de obras antigas; trabalhos perfeitos em prata e ouro;
decorações de janelas, tudo, ou quase tudo, enfim, que lhe ornamenta as salas,
obras são de artistas nacionais.».
«de atenção, pela sua beleza
e riqueza: o salão de baile com seus belos estuques e pinturas;
seu lustre monstro e seus
grandes candelabros de cobre dourado; o salão de recepção com
seus candelabros de Sévres,
e uma grande bacia do Japão; salão das Belas-Artes, com quadros, desenhos e esculturas
de autores nacionais, notando-se : aguarela de Sua Majestade a Rainha D.
Amélia; desenho da Exmª. Srª. D. Ignacia Angelica Fernandes Ramalho de
Barahona; aguarelas de Casanova; quadros de Bordalo; de Ramalho; etc.;
estatuas, em mármore branco, do Pudor; da Juventude (Daphne e Chloé); de
Bernardim Ribeiro; todos de inexcedível execução; bustos, em mármore branco, de
Antero do Quental; Teixeira d’Aragão; Oliveira Martins; e de Manuel Bento de
Sousa; busto em bronze de Rodrigo da Fonseca Magalhães, etc..
Na fachada do lado do
jardim se nota um lindo portado de mármore”
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Grande parte do espólio
artístico encontra-se no Museu de Évora, a quem foi doado pelo proprietário.
A beleza arquitectónica das suas
linhas e o magnífico jardim envolvente fez com que nos últimos tempos tenha
sido alvo da cobiça de empresários portugueses, europeus e orientais para ali
implantarem um hotel de luxo.
Actualmente funciona no Edifício
o Tribunal da Relação de Évora.
Visitas : (Até final de
Dezembro de 2014)
4ªFeira das 14h00 às 16h00
6ª Feira das 10h00 às 12h00
Outros horários sobre marcação prévia e dependendo de
haver ou não julgamentos
Antero Campeão
Novembro 2014
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